terça-feira, 24 de abril de 2012

A PRESA LOUCA



            para uma sintomatologia de nossa culpa
                               (sobre um poema de Lia Carneiro Silveira)


[ela]
bate portas que a aprisiona a vida,
[suas dignidades]

resiste a vestir roupas beges
[que a condena a ser bicho]

fala aos berros que é dona do mundo
[o desejo de todos ali]

inundou o seu mundo restrito
[por saudade da praia!]

é medica, artista, rei, homem-mulher
[e só pegou uma bicicleta!]


[eles]
            a trancafiaram
            a endoideceram
            a deixaram sem colchão
            sem banho e sem pão
            sem esperança e consolação

[só por ela ser]
o espelho de nós sem razão
a coragem do desejo de nossa frustração
a resistência a esse mundo de cão


            deram-lhe DIAZEPAN
            ofereço-lhe DIAZEPÃO.



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