segunda-feira, 22 de março de 2010

SONETO DA ETERNA INFÂNCIA

De repente eu acordei grande
Vendo o mundo de pernas para o ar
Não havia mais fantasia ao brincar
Só um vazio que se esvai num instante

De repente eu me vi crescidinho
E isso dói, dá um medo no fundo
A mamãe morrer, ficar sozinho no mundo
e ter sempre que levantar bem cedinho.

De repente, eu acordei grande
E meu amor já não cabe em mim
Fecha as portas e já não me diz sim

É dolorido crescer no instante da vida
Pois de repente eu acordei grande
E nem sei quanto tempo dormi

03.03.2010

quarta-feira, 17 de março de 2010

ARTE E EXISTÊNCIA

sobre um poema de Lucy Denise


EM TODO AFETO
HÁ UM FETO
PLENO DE VIDA
E EM CADA IDA
UMA ESPERANÇA
QUE SE (RE)INICIA
A CADA DIA

DEN´DE MIM

quarta-feira, 3 de março de 2010

LADAINHA A NOSSA SENHORA

Ai minha Nossa Senhora
das Dores de minha alma
dos Prazeres dos meus tormentos
do Socorro de minhas pragas
da Assunção dos meus desejos
de Aparecida lembranças vagas
da Purificação dos meus lamentos
Auxiliadora de minhas estradas
da Defesa de meus inimigos
da Glória de minhas conquistas
das Candeias emoções perdidas
dos Doentes pensamentos meus
do Bom Sucesso de minha busca
dos Tropeços ante os meus erros
das Graças de minhas piadas
do Encanto dos meus amores
da Família que me vigia
do Rosário que nenhuma prece via
da Paz que jaz tão esquecida
dos Aflitos sentimentos meus
dos Desvalidos percursos ateu
das Guerras que trago comigo
do Navegantes amigos que seguiram
Desatadora dos Nós de mim...

Ai minha Nossa Senhora
Santa Virgem Imaculada
Toma conta de mim, mesmo quando não houver mais nada

PSICANÁLISE

Lembrando de Lacan, Winnicott e Chico Xavier



EU FALO
TU FALAS

e do falante
faltante, calas.

EU LUTO
TU LUTAS

e entre a morte
e o viver, brinco.



No espaço transicional ao qual me refugio!

Começo a conhecer-me e, desconheço-me.
Sou o intervalo do que penso ser e o desejo do Outro,
Ou o meu desejo era esse desejo
Que não mais desejo?
Sou quem me ignoro e, ignorado choro.
No infinito afora, den´de mim, vago
Infortunadamente
Como cego ao sabor do vento inóspito
Desassossego-me
E meu corpo me grita: Pára!
Cansado de não ser quase nada
´inda me resta alguma estrada
Ou o nada pra eu me banhar e, dormir.

Ah! Como é bom dormir ao barulho do mundo
E sonhar coisas de bem dentro, ao fundo
Que nem é mais tão imundo.

Começo a conhecer-me e, apresento-me
Sou eu mesmo diante do espelho à voz do Outro
Mas eu sou um outro
Ante muitos poucos
Quem sou é quem reconstruo
E reconstruído, falo
Calmamente meus espaços vão se encaixando
E minha angustia me mostrando outros espaços
Den´de mim.