sobre a beleza dessa menina. há dúvida. seus cabelos loiros-pretos embranquecem a noite das mentes dos homens impuros. como eu. olhos de nossa senhora. mãos de moças más. sofrida e atrevida. menina a bailar. quando essa menina passa é como se houvesse criança a brincar e, no entanto a noite clama com seus seios me acordar. oxum a me enfeitiçar, mas eu sou yemanjá. a beleza dessa menina está em que não há. no que finge que não há. no algum possível será? e permanece em mim a vontade de a beijar.
sábado, 25 de junho de 2011
CIRANDEIRO


Cirandeiro
Cirandeiro
Abre a porta do quintal para nóis entrá
Tira a dança
Faça a festa
Que hoje é dia de ciranda, cidandá

Na ciranda de Bento e de Lia
Não falta renda nem chita
Cada rodada de um sonho
Damos um nó nessa fita
Antoninho, Antoninho
Meu santim protetô
Sete vezes eu lhe inodo
E só tiro se o senhô
O mais cedo desde hoje
Me valê a meu favo
Me trazendo um novo agrado
Me trazendo um novo amô
Eita, cirandeiro!



ele não tem raiva dos
bandidos
só pena. pena e medo.
eu, que não menos bandido
banido de minha língua-algema
tenho raiva. raiva e pena
ele não sente raiva
porque a raiva é eterna
e eu, a sinto justamente
pela sua eternidade
como é eterno seu amor pelo conrinthians
como meu amor por essa moça
minha vontade de ser bom
sua vontade de dar as mãos
e eu, que gosto dos bandidos
sinto alegria de sua não-raiva
raiva escondida em algum quartel
ou brincando de treinar uma quadrilha
ele, algemado à língua de sua mãe
pena, sofre, resiste e, só não morre
pela raiva
de alguém que mata
por nós, por pena de nós
e a gente se envenena de linguagens

segunda-feira, 20 de junho de 2011
OS ROSEIRAIS

Antes,
eu era jardineiro
e vivia a vida
podando rosas
e limpando quintais inteiros
[e o sol batia forte na cabeça
e só minha sombra contemplava a beleza
dos roseirais]
Depois,
virei psicólogo
e continuava
a podar rosas
tão envoltas em seus monólogos
[não havia mais sol, nem escuridão
só uns olhos assustados na solidão
dos roseirais]
Hoje,
sou poeta
e, só recolho
as rosas caídas
dos sonhos que o amor secreta
[faço o sol, invento a dor, germino
cuido bem das palavras e me termino
como os roseirais]
Só há imensidão no incognoscível vão entre os roseirais!

OS CORAÇÕES CONTINUAM AZUIS

Respiro
Vivo por entre as extremidades
De seu ser
Sem que vejas.
E encanto-me
Como um tritão rústico ao sol
Com medo
Viver é mesmo uma contemplação
Uma fábula de qualquer imaginação.
Invagino-me
E, dentre tanto ar me refaço
Respiro novamente
E esmoreço.
Sempre ganhas no final,
mas contigo não me canso de perder-me
e os corações continuam azuis!

I
se Amar
é coisa de mulherzinha
com fru-frus e frescurinhas,
eu mudo: escrevo Amor
e ponto!
II
______ Crendospade! Já viu isso? Tão falando que o amor tá no fim.
______ Avemaria! Tasca-me logo um beijo!
Benza, encruza... vá de retro nessa via!!
III
Como o amor é trouxa:
Espera
Espera
E contenta-se com cada coisa!
Como o amor é tonto:
Enrola
Enrola
E confunde-se em cada ponto!
Como o amor é besta!
Esconde
Esconde
Pra que todos vejam
Como o amor é lerdo:
Corre
Corre
E nuca está perto!
Como é trouxa, tonto, besta e lerdo o amor
Mas a gente prefere sempre amar e pronto!
IV
Amo-te
Só isso basta!
Só essa palavra!
Amo-te
Mais nada!
ANÁLISE

sou o véu
do oco
que bate
rebate
e volta a si
e és tudo
e nada.
o oco
não fala
só dá
eco
eco
eco
dentro de ti
deitada
no divã!
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