Eu queria lhe banhar de poesia
De águas puras, do mar sem fim de mim
Molhar seus olhos com minhas alegrias
E não secá-los jamais, para que nunca tenham fim.
Lavar seus pés co'as lembranças mais queridas
Pra que só andasse só onde eu estou
E as águas que escorressem em seu rosto, quando caídas
Formasse o espelho de onde me virei quem sou.
Eu queria banhar seus seios com os meus sonhos
P'ra que jamais fossem desfeitos ou esquecidos
E no seu colo eu me deitar em versos livres.
Eu queria lhe banhar de poesia
P'ra de felicidade e paz eu afogá-la
P'ra eu inscrevê-la permanentemente em minha vida.
segunda-feira, 19 de março de 2012
domingo, 4 de março de 2012
POEMA SOBRE UMA BELEZA AÍ
como flor silvestre em tímida beleza arrasadora, eu não lhe conheço. seus cabelos negros e olhos de desconfiança de criança é paz. por trás de tudo que é, só cais. cais e caos. sua música me encanta ó borboleta-querubim. e sua doçura me adoça. quisera eu amá-la o mais que possa. tocá-la a mais bela bossa. mais humano. seu respeito ao outro e ao mundo. toca esse meu imenso tão profundo. no meio do mar. ilha. se há muito caos aí dentro, digladiando com sua beleza, és mar.. ondas grandes tempestuosas e um universo todo dentro a me arrebatar. gosto de seu caos e sua paz, sua música e seu silêncio que jaz em algum escuro. eu sou a ilha a lhe esperar a onda, a atrapalhar o sono. não há ilha sem mar, tem tampouco mar sem ilha. tudo é mar-ilha. e o meu encanto.
INFECÇÃO AURICULAR
hoje estou a tapar meus ouvidos
infecciosos
e o algodão suave como a bruma
aumenta minha exasperação
ouço intenso o barulho dos meus ares
e todas as partes
do dentro de mim
bailam e se batem, e caem estranhas
como um balé moderno
[só ao som da respiração]
o barulho do dentro da gente
é de encanto assustador
amortiza e faz sonhar
feito o amor, o riso e a dor.
feito a morte com seu explendor
como o dia
sua alegria
no repente do susto algo pára:
não para os aplausos do espetáculo
de um publico só, só-eu-público.
e as sensações, medo, riso e sonhos
que se atracavam em um mar risonho
não congelam como os bailarinos
do balé moderno
eles vibram indissoluvelmente neste
corpo-sem-órgãos de todo-ninguém
questionando: proncovô,
nesse sol irritante?
infecciosos
e o algodão suave como a bruma
aumenta minha exasperação
ouço intenso o barulho dos meus ares
e todas as partes
do dentro de mim
bailam e se batem, e caem estranhas
como um balé moderno
[só ao som da respiração]
o barulho do dentro da gente
é de encanto assustador
amortiza e faz sonhar
feito o amor, o riso e a dor.
feito a morte com seu explendor
como o dia
sua alegria
no repente do susto algo pára:
não para os aplausos do espetáculo
de um publico só, só-eu-público.
e as sensações, medo, riso e sonhos
que se atracavam em um mar risonho
não congelam como os bailarinos
do balé moderno
eles vibram indissoluvelmente neste
corpo-sem-órgãos de todo-ninguém
questionando: proncovô,
nesse sol irritante?
(Grupo O Corpo, 2005)
ALARME FALSO
corram, venham logo.
chamem os bombeiros,
a polícia militar
o pastor.
divulguem na televisão.
disfarcem todo mal, estanque a dor
desvirem o selo da blusa
e corram
[mas corram com algum pudor]
não percam tempo.
ande,
depressa!.... tragam máquinas fotográficas
chamem a imprensa aberta, a banda imperial
com pressa!
virem no santo,
façam festa:
são joão, caboclinhos, moçambique e rezas.
e gritem...
andem, não demorem....
...
____ desculpem!
podem voltar.
era alarme falso
o amor.
chamem os bombeiros,
a polícia militar
o pastor.
divulguem na televisão.
disfarcem todo mal, estanque a dor
desvirem o selo da blusa
e corram
[mas corram com algum pudor]
não percam tempo.
ande,
depressa!.... tragam máquinas fotográficas
chamem a imprensa aberta, a banda imperial
com pressa!
virem no santo,
façam festa:
são joão, caboclinhos, moçambique e rezas.
e gritem...
andem, não demorem....
...
____ desculpem!
podem voltar.
era alarme falso
o amor.
(RE)SENTIR-(SE)
(sobre um conto de Onjaki)
inexoravelmente acordo
com o solavanco infrêmito de forças extremas
sobre mim.
e o odor...
o odor civilizado grotesco
perfume-suor-cigarro
(seria free ou malboro?)
eu, que deitada no chão
sobre os sonhos da minha realidade,
que acordo com o susto dos dias
co’as horas infindas
da morte,
acordo no íntimo brusco da noite
com o açoite
me sufocar
arfar.
suas mãos sobre minha boca,
em meus lábios de cima e baixo
em movimentos marítimos
a me imobilizar,
intimidar.
súbito livra minha boca, já não grito
ardo.
imóvel,
no duro dos papelões do chão,
no quieto da noite
sob o mundo, ardo.
e dói.
e da dor um gemido
consubstanciado em fome e sonho
me elevo e não grito.
... e o cheiro ocre civilizado ventando em mim
sobre meu pescoço sem perfume
- que no entanto cheira -,
entrecruzam cheiros genéricos
das entranhas ferventes do instante .
misturam-se os cabelos.
suores.
no íntimo do silêncio
arrepiam pêlos
como se o próprio deus sobrevoasse
rasamente
sobre os campos da terra, meu corpo.
não há mais visão
só o bafo ocre civilizado sobre mim
e eu imobilizada
penetrada e entregue pela sagacidade,
pela luxúria frêmita do mundo.
haveria outros ao meu lado, companheiros de chão.
- não veriam, absortos que estavam
à própria mediocridade, à própria escuridão -.
... e os movimentos marítimos me imobilizar...
dói.
uma dor do prazer.
antes tivesse levado porrada
antes tivesse tomado cachaça,
mas não.
absorta ante a vibracidade do corpo
jazo arreganhada e evadida.
uma lágrima escorre,
cai sobre meu rosto,
contorna os territórios de mim
e, chega à beira da boca
lambo-a.
sal da terra.
já não sei se é lágrima ou suor,
minha ou dele.
- que importa?
somos um neste instante no mundo
civilizado e impuro
puro imobilizado
e somos tantos -.
... deus continua percorrendo as terras
rasamente...
e os pêlos se levantam
sem demarcar qualquer organismo,
parte, mapa.
vaga indiferentemente sobre mim
bloco imóvel de carne ressuscitada
(in)sucitada e (ex)citada
de alguma emoção qualquer.
clamor, calor, claridade e dor.
... súbito pára.
continuo imóvel.
o desgrudar-se de mim é penoso.
suores,
cheiros,
lágrima
sangue,
a civilização se levanta
vejo-o em sombra, esguio.
eu, continuo imóvel.
escorre-me.
lágrima
suor,
sangue,
porra
misturadamente,
e continuo vendo-o em sua sombra.
escorre-me o produto da civilização
que (con)sumo
escorre-me a lembrança do cooptar-me,
cooptá-lo.
escorro-me.
ele corre.
pára. olha para trás.
continuo imóvel.
como que culpa ou nojo,
uma cusparada no chão em que sou.
escarro-me em vidas.
suavemente.
re-sinto-me e viro de lado.
fecho as pernas.
acabou.
no duro do chão
no quieto da noite
sob o mundo,
já não ardo,
só dôo.
com meus papelões
papelotes,
espero acordar-me ao susto dos dias.
inexoravelmente acordo
com o solavanco infrêmito de forças extremas
sobre mim.
e o odor...
o odor civilizado grotesco
perfume-suor-cigarro
(seria free ou malboro?)
eu, que deitada no chão
sobre os sonhos da minha realidade,
que acordo com o susto dos dias
co’as horas infindas
da morte,
acordo no íntimo brusco da noite
com o açoite
me sufocar
arfar.
suas mãos sobre minha boca,
em meus lábios de cima e baixo
em movimentos marítimos
a me imobilizar,
intimidar.
súbito livra minha boca, já não grito
ardo.
imóvel,
no duro dos papelões do chão,
no quieto da noite
sob o mundo, ardo.
e dói.
e da dor um gemido
consubstanciado em fome e sonho
me elevo e não grito.
... e o cheiro ocre civilizado ventando em mim
sobre meu pescoço sem perfume
- que no entanto cheira -,
entrecruzam cheiros genéricos
das entranhas ferventes do instante .
misturam-se os cabelos.
suores.
no íntimo do silêncio
arrepiam pêlos
como se o próprio deus sobrevoasse
rasamente
sobre os campos da terra, meu corpo.
não há mais visão
só o bafo ocre civilizado sobre mim
e eu imobilizada
penetrada e entregue pela sagacidade,
pela luxúria frêmita do mundo.
haveria outros ao meu lado, companheiros de chão.
- não veriam, absortos que estavam
à própria mediocridade, à própria escuridão -.
... e os movimentos marítimos me imobilizar...
dói.
uma dor do prazer.
antes tivesse levado porrada
antes tivesse tomado cachaça,
mas não.
absorta ante a vibracidade do corpo
jazo arreganhada e evadida.
uma lágrima escorre,
cai sobre meu rosto,
contorna os territórios de mim
e, chega à beira da boca
lambo-a.
sal da terra.
já não sei se é lágrima ou suor,
minha ou dele.
- que importa?
somos um neste instante no mundo
civilizado e impuro
puro imobilizado
e somos tantos -.
... deus continua percorrendo as terras
rasamente...
e os pêlos se levantam
sem demarcar qualquer organismo,
parte, mapa.
vaga indiferentemente sobre mim
bloco imóvel de carne ressuscitada
(in)sucitada e (ex)citada
de alguma emoção qualquer.
clamor, calor, claridade e dor.
... súbito pára.
continuo imóvel.
o desgrudar-se de mim é penoso.
suores,
cheiros,
lágrima
sangue,
a civilização se levanta
vejo-o em sombra, esguio.
eu, continuo imóvel.
escorre-me.
lágrima
suor,
sangue,
porra
misturadamente,
e continuo vendo-o em sua sombra.
escorre-me o produto da civilização
que (con)sumo
escorre-me a lembrança do cooptar-me,
cooptá-lo.
escorro-me.
ele corre.
pára. olha para trás.
continuo imóvel.
como que culpa ou nojo,
uma cusparada no chão em que sou.
escarro-me em vidas.
suavemente.
re-sinto-me e viro de lado.
fecho as pernas.
acabou.
no duro do chão
no quieto da noite
sob o mundo,
já não ardo,
só dôo.
com meus papelões
papelotes,
espero acordar-me ao susto dos dias.
SEM PALHA
alguns olhos de obaluaê
lançando pragas e curas
por aí
e os moleques
nos cinemas...nas baladas
postes. encruzas. cruzando.
i pods. nada podem com
esses meninos e seus sexos
olhos de suave dor. mistério
amanhã. maconha. escola
o sexo co´as meninas
co´os meninos
esse meninos andam por aí
lançando pragas e curas
aos olhos de obaluaê
por que perco tempo
na asa do vento
no sopro do mundo
nesse imenso vão tanto
um pouco fundo?
há tanta luz além do plexo
há tanta voz aquém de todo nexo
e eu aqui
solitário
longe dos poemas e das serpentes
dos amores
e das gentes
não há nexo em todo nexo
em todo plexo
em todo sexo
reconvexo
quero a sombra dos momentos
o sêmen dos pensamentos
algum carinho mudo
den´de mim calando fundo
sem nexo.
na asa do vento
no sopro do mundo
nesse imenso vão tanto
um pouco fundo?
há tanta luz além do plexo
há tanta voz aquém de todo nexo
e eu aqui
solitário
longe dos poemas e das serpentes
dos amores
e das gentes
não há nexo em todo nexo
em todo plexo
em todo sexo
reconvexo
quero a sombra dos momentos
o sêmen dos pensamentos
algum carinho mudo
den´de mim calando fundo
sem nexo.
HAI-KAI-ZINHOS
I
Sumi do mundo
E me perdi de vez.
II
no
chão da vida
é que se encontra
o descanso, a paz.
III
[retardado]
não passa pela vida,
repete de anos.
IV
na plenitude do tempo
penso
e,
na concretude do espaço
esqueço.
Sumi do mundo
E me perdi de vez.
II
no
chão da vida
é que se encontra
o descanso, a paz.
III
[retardado]
não passa pela vida,
repete de anos.
IV
na plenitude do tempo
penso
e,
na concretude do espaço
esqueço.
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