segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

EU ACREDITO

[...] Mas somos muito milhões de homens

comuns

e podemos formar uma muralha

com nossos corpos de sonho e margaridas.

Ferreira Gullar







Eu, sinceramente

não acredito!

não acredito em instituições

constituições
abolições



Eu não acredito

em panfletagens que hipnotizam
no marketing que aprisiona vidas
em rezas, santos e humanidades



Eu acredito na fome

que esconde debaixo da roupa o macarrão
na falta de educação
... e na dor no estômago!



Eu acredito no palavrão

mandando para a puta que pariu
um dia a mais que surgiu... e toda a dor,
a mãe pinguça vista no educador!


Sinceramente,
não acredito em salvação
sem que antes seja dado o pão,
a mão
o não,
o anel , que seja,
... e um lugar à ceia dos bons...



Eu não acredito nem

no Cristo pregado na cruz
mas segurando a mão do moleque assaltante
pr´ele levar só o dinheiro e não jogar avante
alguns restos de sonhos de realidades... e o sorriso!



Eu acredito na mentira

contada a custas de ser visto, acolhido
quiçá agredido, mas mesmo assim visto
eu acredito no não-dito, só isso!



Eu acredito em pichações

nos drogaditos pedindo um seio,
nas balas compradas a esmo
ao sabor do medo
... e lançadas na próxima esquina...

com o mesmo esmo,
com o mesmo medo...



Eu só acredito

no olhar dessas crianças!











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