terça-feira, 5 de abril de 2011

EU NÃO SEI NADA DO AMOR

Das tantas imensidades
que iluminam o céu por toda parte
e inauguram metamorfoses,
eu caminho vagaroso.
Tonto, quase.
Entre uma que arde
e outra que foge.
Eu não sei quase nada do amor
e, no entanto,
teimo por cantá-lo,
rabiscá-lo em algum lugar do interior,
e difundi-lo parte a parte.
Eu não sei nada do amor,
mas também não sei nada da flor,
não sei nada do mar,
não sei nadica de nada de mim.
E, no entanto, vivo.
Vivo como passarim,
beija-flor que sou, e, vez em quando viro o mar.
Sonso sou de tanto amar.
E desamo.
Esse desânimo que me anima:
o oco oculto de mim mesmo.
Que é o amor senão o oco oculto
não mais ocultado,
escondido,
dilacerado,
evadido, antes de iluminado?
Quadro límpido de água e ocre.
Eu mesmo ao derredor.
Eu mesmo amando.
Indo.
Pairando
sobre tantas as imensidades.
Cantando um amor que nem sei,
arfando uma dor que já sarei.
Eu não sei nada do amor
mas é preciso sabê-lo, para amar?


Um comentário:

  1. Thiago, quem sabe do amor; sabemos experimentálo, enluará-lo, encantá-lo... quem o canta já se deixa por ele levar... Abraços com ternura, Jorge

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