sábado, 27 de novembro de 2010

ASSOMBRO

(para alguém que anda me assombrando os sonos)


I

Você me assombra
feito fantasmas bons
a me confundirem
 e eu gosto do caos!










II

entre você e eu
um tempo, um silêncio
transparente
que guardam os desejos
e os medos.


desejo beijá-la, e você a mim
e alguma trava
nos põe fim


entre seu-olhar-e-o-meu
um acalanto, afeto
... e os momentos são tão incertos,
que assusta


fiquemos onde estamos
a nos olharmos, simplesmente
poupando-nos do fascínio
de sermos um-só-somente.



III

se os desencontros pedem
para que desistamos das possibilidades dos encontros
e, cansados, voltarmos
aonde já não mais nos resta estarmos

e se a confusão conclui
na conveniência da perversidade da obstinação
e, decepcionados pararmos
na decisão de se nos afastarmos


e se assim mesmo surgirem
tantas outras horas de um olhar entrecruzados de ardor
e, outras luzes apagarmo-nos
dificultando a tez de nos olharmos


rebelemos.

... hajam sonhos no íntimo da esperança...
... hajam socos na cara da destemperança...
... hajam possibilidades de uma criança...

e a arrebentação de mais um dia nos vermos
pois não há limites para o incognoscível!




IV

Perto de você eu falho
Emudeço
Tardo em amanhecer-me outra exatidão
E, no entanto, ardo.



Perto de você eu calo
Exalto
Queimo empalidecer-me alguma sensação
E, no entanto, migalho.


Perto de você eu falo
Espanto
Rubro (des)concertar-me, minh´ invenção
E, assim, renasço.



Perto de você eu sonho
paralizo
Brinco adulterar a minha fascinação
sem querer, apaixono.


pois que há tanto mistério no feliz!

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