quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

MINHA POESIA

   
I

minha poesia é cafuza
ou se quiser mulata
ou se quiser mameluca
ou se quiser híbrida
ou se quiser sopa
ou se quiser dialeto
ou se quiser esquizo
ou se quiser umbandista

em minha poesia cabem todos os sincretismos
todas as indiferenciações
incompreensões
realizações
produções
ações

fora de minha poesia pairam todos os barulhos
todos os silêncios
dentro de minha poesia ramificam-se os organismos
e seus duodenos

   
pães-de-açúcar, londres, sampa, tóquio, luanda, roma, cuzco, madrid, assunción, natal, berlin, salvador, lisboa, cabul, hiroshima, new orleans, hanói, caracas,
e limoeiro do norte

  
minha poesia é doce
ou se quiser amarga
ou se quiser fogo
ou se quiser água
ou se quiser noite
ou se quiser dia
ou se quiser encanteria

ações
produções
realizações
dissimulações
incompreensões
todas as indiferenciações
em minha poesia cabem todos os sincretismos.





II

blocos de sujeira formam a minha poesia
- para além de toda qualquer beleza –
eu quero uma poesia suja,
                                           marginal
                                               divina

que causa vertigem
que cheira mal
que provoque vomito




que caminha rumo ao nada
uma poesia que caminha rumo ao nada, para dele partir
                                                   e criar novos jardins.

   

2 comentários:

  1. Muito lindo poema Thiago!

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  2. José Valdez de Castro Moura11 de fevereiro de 2011 às 22:29

    Poesia Plural ! Sem preconceitos, universal!Bebeu as águas doces do Jaguaribe, lá no meu querido Limoeiro do Norte,onde existe o mais belo céu anil do meu país.Poesia que cont~em todos os cantos e que percebe todo meu pranto!Que bom,Thiago, encontrar Poetas da sua jaez! E, bendigo esse encontro na perspectivas das palavras e no devaneio do seu sonhar.Hosanas !

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