há infiltração no meu telhado
há infiltração em meu dente
há infiltração em minha parede
há infiltração em meu pulmão
pinga na minha testa
enquanto durmo
incha meu rosto todo
e pareço um monstro
mofam meus livros na estante
todas as metafísicas
mata-me de pouco em pouco
a minha vida
e não conhece espaço
impermeável
espalha-se por entre quartos, livros, dentes e pulmões
enchente rápida, praga de pomares
essas vozes, esses vozes, essas vozes
que me entrecruzam feito inundação
enunciados de uma qualquer solidão
que formam o que eu sou e o mundo são
tantas vozes há em mim...
Belo, bravo!
ResponderExcluirUm poema forte e produtor de bifurcações no caminho, pois nos leva a sentir nossa vida, nua -crua.
Abraços
jorge