sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

VOZES

há infiltração
há infiltração no meu telhado
há infiltração em meu dente
há infiltração em minha parede
há infiltração em meu pulmão

pinga na minha testa
              enquanto durmo
incha meu rosto todo
              e pareço um monstro
mofam meus livros na estante
              todas as metafísicas
mata-me de pouco em pouco
             a minha vida

e não conhece espaço
              impermeável
espalha-se por entre quartos, livros, dentes e pulmões
enchente rápida, praga de pomares
essas vozes, esses vozes, essas vozes
que me entrecruzam feito inundação
enunciados de uma qualquer solidão
que formam o que eu sou e o mundo são


tantas vozes há em mim...

Um comentário:

  1. Belo, bravo!
    Um poema forte e produtor de bifurcações no caminho, pois nos leva a sentir nossa vida, nua -crua.
    Abraços
    jorge

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