domingo, 3 de janeiro de 2010

BANDEIRA NACIONAL

A moça do xampu para secos e danificados reflete o verde da bandeira
Nacional.

Alguns pés calçados descobrem-na
Feito um pássaro liberto de sua gaiola.
Criança que ainda não anda,
Criança que nunca mais cansa
Quando pés descalços já a pisava.
Ambições de uma Europa toda ao mar
Com seus navios e castiçais
Armas prum tratado de paz
Ah! bem fizeram os canibais!

Chovia no descobrimento, uma chuvinha miudinha,
Mas choveu primeiro na cabeça dos portugueses.
O Brasil é um país chuvoso.
Chove-se muito em nossa terra
E é por isso que ela é verde.

Enquanto a pele de suor oleoso que desaparece à água fulgura-se ao amarelo
Amarelo tão vivo quanto um prato de farofa com dendê
Numa esquina.

Vivemos ainda no Império
Dos Estados Unidos do Brasil.
Uma república de estudantes que jamais
Catequizar-se-ão.
Limpam as narinas nas batinas negras sem contudo baterem nelas.
“É dando que se recebe”.
Sejam eles os juízes de nossa vontade
Arbitrarizando-nos como padres, lindos.

Louca poesia rouca. Anti-ética. Técnica, manufaturada.
Linguagem pop-buarque hermética num tijolo parnaso-trovadoresco, porem barroco, que do interior do Rio Amazonas grita:
-- Tropicalizemo-nos cristão.zera a reza com afoxés de Talebãs. Anti USAfeganistãos!

E meu medo é neutro.

Íon sociopolítico. Quantum cultural.
Universalismo do niilismo.
Ismo e istmos e, no entanto um riso.

Antropofagismo. Tabagismo. Cafeísmo
“E bananas pra der e vender “

Oswald usava sedas das Índias.
Comi-o.

Há maconha nos crucifixos das casas pobres. Fé pobre é tão mais bela.
Gays apóiam FHC num terreiro de candomblé no Rio Grande do Sul
E um baiano reza pra menina rica noutro em São Paulo.
Bethânia e Joplin
Caetano e Cobain.
Vinícius e Tina Turner
E João Paulo II

A escola é a mesma há 500 anos
Quer catequizar. Nunca o fomos nem o seremos.
Eles vem com suas bíblias e a gente finge que acredita e de repente eles internalizam nossa confusão. Viva a Umbanda!
Anchi-Etas nas praias negras de UbaCuba
Querendo mandar os indiozinhos tomarem no cu
Mas com um sorriso matriarcal que nos faz apaixonar.

Índios tomando Coca Cola
Importação da consciência enlatada
Superfície.
Sândalos de escândalos.
Vomitei-o (Ferreira Gullar)

A lembrança (nunca dantes lembrada) do Tietê na cabeça o Velho Chico
O azul da bandeira.
Quando na pinguela pichado o nosso lema em cor de rosa:
Amor e Paz. Progresso da desordem.
Boiando bosta.
as cidades se unem pelo esgoto
pessoas pelo gosto. Estrelares palavrões:
Pindamonhangaba.

Um índio preto aportuguesado comendo americanos
Comama-nus cruz. Vomitemos azuis



“Mas do fundo da mata virgem nasceu Ney Matogrosso, herói da nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite”.

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