se os pássaros não puderem mais voar
e os arranha-céus encobrirem as cores do luar
se as promessas de amores já não mais forem possíveis
e se o infinito da saudade um dia tiver fim
se os casacos em tardes frias não mais esquentarem
e nem mais existirem abelhas para levarem o pólen
se as mães e pais, pela morte, se nos abandonarem
e se a chuva não mais puder nos banhar, por sujas
e se deus se transformar em níqueis esbranquiçados
e as janelas já não mais se abrirem na alvorada
se a fome de arte e justiça perpetuar no estômago
e se não houver mais hóstias e risos para matar a fome
se os cigarros e as bebidas não nos fizerem vivenciar a vida
e os carros não mais diminuírem as distancias dos sonos
e se o mar não mais tiver a função de nos limpar a aura
e as cadeias continuarem a dizimar fetos em demônios
se se acabarem com os jardins e as cachoeiras
se as crianças não mais puderem chorar quando nascerem
produzamos outros jardins,
com nossos braços de elefantes
e nossos sonhos de correntezas