quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

“que de mim, sim! Vi que era o pior
Dos companheiros que podia ter:
O mais capaz de me inspirar terror;
O mais difícil de fixar e entender.”
José Régio (Poema do amor sem fé e esperança.
As encruzilhadas de Deus, 6° ed. 1970)

Ai Deus – qual Deus?
Que me possa inspirar terror
Ou amor
Que me possa levar a dor
Mas assim me tiraria toda cor
E o sabor
Da vida

Ai Deus – qual Deus
Que me possa devolver o ser
Será morrer
Ou mera expressão do sofrer
Flor cálida e esquálida do viver
Sobreviver
Sobre o viver.

Ressuscita-me agora
Nesta vida, neste corpo, nesta avenida
Faz-me renascer agora
Nas reentrâncias da loucura morrer
Pra renascer nas reentrâncias do ser.

Mesmo corpo, mesma dor, mesmo tempo
Mesmo espaço, lado e família
Mesma noite fria, mesma pia
Mas não eu mesmo.
Outro em mim me via
Me tomou o lugar e modificou tudo no mesmo

Ai Deus – quão a deus
Semelhante fatídico sou eu a mim
Serafim que sou
Satanás que não encontrou enfim
Sanção máxima do poder em si
Den´de mim
Sem fim.

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